domingo, 22 de junho de 2014

Já há um legado a defender

Carlos Odas, 22/06/14
Da revista Veja costumo ler somente a capa dos exemplares que encalham nas gôndolas dos supermercados; a dessa semana, pelo que me lembro, cede ao irresistível apelo que vem marcando a Copa do Mundo do Brasil e exalta a alegria geral mas, para não perder a viagem, ameaça o povo brasileiro com a sentença: curta a festa, porque não haverá legado de longo prazo. Claro, assim que a Copa do Mundo acabar e o último torcedor estrangeiro for embora, nossos aeroportos voltarão a ser o que eram; as obras de mobilidade urbana se desmancharão no ar como hologramas, e todo o volume de dinheiro deixado por aqui pelos turistas se transformará em moedas de chocolate ou dinheiro de mentirinha, daqueles de banco imobiliário. Para a Veja, somos trouxas de acreditar mais no que vemos do que no que ela diz. Afinal, ela avisou que, no ritmo em que iam as obras para a Copa do Mundo, os estádios ficariam prontos em... 2038! E eu fico imaginando – meu Deus! – onde a Veja acha que o Chile despachou a Espanha e a Costa Rica derrotou a poderosa Itália, senão em estádios modernos, novos em folha e que... ficaram prontos a tempo?! Aliás, bem em cima da hora, como nas Olimpíadas de Londres ou na Copa do Mundo da África do Sul.
É inacreditável, mas a Copa do Mundo está servindo justamente para desfazer o trabalho duro que Veja e a mal chamada “grande imprensa” tiveram nesses anos todos para cravar a imagem internacional do Brasil como uma terra arrasada pela corrupção e incompetência – que teriam sido inventadas em 2003, claro! Essa turma não viu nada de bom no Brasil esses anos todos; seu entusiasmo com as perspectivas do país é inversamente proporcional ao tempo em que a taxa de desemprego por aqui batia na casa dos 20%, e que a renda do trabalhador perdia seguidamente para uma inflação que se media em dois dígitos. Aquilo é que era um tempo glorioso, segundo eles. E, para eles, devia ser mesmo. Patrimônio público vendido na bacia das almas, migalhas em forma de “vale-isso” e “vale-aquilo” distribuídas de acordo com os interesses políticos de caudilhos paroquiais, ministro de estado que tirava o sapato para ser revistado ao entrar nos EUA, o país insolvente por três vezes em sete anos. Naquele momento histórico de triste lembrança, O Brasil candidatou-se a sediar a Copa do Mundo de 2006 – episódio resgatado pelo incansável Eduardo Guimarães em seu Blog da Cidadania. Fez um papelão. De fato, aquele país sem importância geopolítica alguma não tinha condições de se propor a sediar um evento como esse. Mas aquele governo tentou. Alguém tem dúvidas de que se a sede do Brasil tivesse sido aprovada ainda sob um governo tucano, essa mídia não daria um jeito de atribuir o sucesso da Copa a FHC? Eu não. A lógica da mídia-partido-de-oposição-ao-PT é a seguinte: todos os acertos de Lula e Dilma são méritos de FHC; todos os erros de FHC são culpa do “frango da Malásia” – crises externas para as quais não estávamos preparados.
Eu, como sou latino, pobre e piegas – tudo de que a Veja se envergonharia de ser –, tenho me comovido muito nessa Copa do Mundo – com a recuperação heroica de Luiz Soares, do Uruguai; com a raça da seleção chilena; com a épica classificação da Costa Rica; com a dignidade das seleções africanas, com jogadores de seleções modestas e sem chance na disputa pela taça mas que agradecem pela oportunidade de estar em um mundial. Gente sendo o que pode ser sempre me comove. Mas, sobretudo, tenho me comovido com o povo brasileiro. O povo que rechaçou inequivocamente as ofensas a Dilma, que não se confunde com gente mal criada e mal intencionada. Não somos preguiçosos, nem corruptos, nem incompetentes; mas temos uma das elites mais antinacionais do planeta. Os meios de comunicação tradicionais pertencem a essa elite e servem aos interesses dela, que não são os do Brasil.
O maior legado dessa Copa, em minha opinião, é imaterial: o resgate da imagem internacional do país, tão vilipendiada pela nossa direita midiática, e o encontro de seu povo com a própria – e boa – imagem. Não me admira que Veja já o ameace; a parcela venal da imprensa brasileira só não está falando mal do país durante a Copa porque está tendo de dividir espaço com a cobertura internacional. Quando os correspondentes forem embora, aí sim, começa a tarefa de desconstruir o maior legado do evento – a nova imagem do Brasil no mundo. Tudo farão para tirar o sorriso da boca e o orgulho do peito dos brasileiros; para que tenham o sucesso eleitoral que almejam precisam semear desesperança e ódio. Tentarão transformar o legado da Copa, o material e o imaterial, em fatos negativos. Dirão que a Copa não resolveu os problemas sociais que persistem, como se dela fosse esse o papel. Esquecerão que o caos que previram não veio e preverão as mesmas catástrofes outra vez.
É uma pena ter uma mídia assim porque ela interdita o debate real sobre nossas possibilidades e perspectivas; há, é certo, correções de rumo a fazer e mudanças que devemos ter a coragem de propor a nós mesmos. Mas é fundamental também um debate honesto sobre o quanto já avançamos. É preciso discutir o modelo de desenvolvimento do país e os valores que vão orientar os processos futuros. É preciso, sobretudo, discutir sobre quais valores queremos assentar a sociedade que pretendemos ser. Mas como fazer isso se os meios de comunicação tem uma pauta própria, inegociável, e vinculada aos interesses econômicos de grandes corporações e que nada tem a ver com mais igualdade, com mais direitos, e com mais bem estar social? Como fazer se esses meios, de propriedade da elite nacional, detestam com fervor o povo brasileiro?
Convencido do acerto que foi fazermos a Copa do Mundo no Brasil nesse momento e do sucesso estrondoso que temos demonstrado na organização do mundial, vou aceitar meio conselho da Veja e curtir a festa; mas depois, como creio devem fazer todos os brasileiros decentes, pretendo defender o legado que ela nos deixa: o reencontro com a ideia de sermos um povo, de sermos capazes e de merecermos o respeito do mundo.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Copa é um fracasso

Francisco Costa, 18/06/2014


A direita estava certa, sou obrigado a concordar.

Hoje está fazendo uma semana que a Copa do Mundo se iniciou. 
Conforme prognosticaram os jornalistas, embasados em vasta experiência jornalística, honestidade de propósitos, compromisso com a verdade e isenção política, infelizmente está tudo acontecendo como o esperado.
Parabéns às tevês Globo e Band, à revista Veja, aos jornais Folha de São Paulo e O Globo, pela perfeita percepção da realidade, o que só os que fazem jornalismo sério, não corrompido por interesses políticos e pecuniários, podem ter.
Como era esperado, o vexame é total, o que enxovalha o Brasil aos olhos do mundo e mostra toda a incompetência política e administrativa desse governo, nos expondo assim a humilhante situação, da qual demoraremos muitos anos para nos livrarmos.
Para fazer as afirmações que se seguem, pautei-me pelo que tenho lido na imprensa internacional, a partir de jornalistas estrangeiros e turistas do mundo todo, e postado pelos bravos militantes da direita, intelectualizados e precisos nas suas análises e críticas.
Os estádios todos inacabados, de arquitetura no mínimo duvidosa, feios, mal iluminados… Acertaram os que disseram que só ficariam prontos na próxima década.
As chamadas obras de infrestrutura, no entorno dos estádios, foram uma balela. Os engarrafamentos, nos momentos que antecedem os jogos, são quilométricos, com os torcedores chegando atrasados, inclusive com muitos deles desistindo de entrar nos estádios.
Os aeroportos superlotados, com voos atrasados e cancelados, filas imensas nos guichês, bagagens extraviadas… Com todos os aeroportos por terminar, cheios de materiais de obras espalhados, numa imundície só.
Um outro fiasco que não poderia passar em branco é o das comunicações, com os correspondentes sem poder fazer contatos com suas bases, os links interrompidos ou com interferências, nos isolando nos momentos de pico, que antecedem e durante os jogos.

E o apagão, a suprema humilhação? Como é que em pleno século XXI um país inteiro pode ficar sem energia elétrica por horas, em silêncio, no escuro, envergonhado?
O apontado infelizmente aconteceu: um surto de dengue em pleno inverno, com os hospitais lotados, sem ambulâncias para transportar doentes, medicamentos em quantidade insuficiente, com muitos turistas debandando, voltando para os seus países, com medo.
Mas… O que mais temíamos e tínhamos certeza que aconteceria e ficaria fora de controle… A violência generalizou-se de tal maneira que nem mesmo as Forças Armadas estão tendo força suficiente para, se não debelar, pelo menos minorizar: brigas generalizadas entre torcidas, resultado de um serviço de segurança ineficiente, pequeno no número de homens, e despreparados.
As delegacias policiais já não dão conta de tantos registros de ocorrências de roubos, assaltos e sequestros, com balas perdidas em grandes aglomerações de turistas, os arrastões, promovidos por facções criminosas, com gente descida dos morros e vindas dos subúrbios.
Perdeu-se a conta de ônibus queimados, vitrines quebradas, lojas comerciais saqueadas…
Claro que uma situação dessa, e que só surpreendeu aos mal informados, não leitores de nossos jornais e revistas e telespectadores, só poderia gerar protestos, indignação, e então o que se viu foi o coro, em São Paulo, usando palavras de baixo calão, dirigidas à presidente da república.
Não passou pela cabeça de ninguém que deixar o povo ter acesso aos estádios seria uma temeridade? Como esperar civilidade, educação, postura, respeito e até caráter de pessoas de pouco estudo, baixos salários, residindo em áreas longínquas? Como esperar dessa gente qualquer coisa como simpatia, hospitalidade, cortesia? São ogros.
Só deveriam ter acesso aos camarotes vips dos estádios os grandes empresários, os políticos de direita, os artistas e apresentadores da televisão, gente polida, educada, respeitadora, como não mostram no vídeo, em pleno exercício de monetário cinismo.
O país está um caos, e não foi por falta de aviso: a mídia avisou que seria assim, a oposição ao governo provou que seria assim, uma multidão de internautas inteligentes e bem informados mostraram todas as evidências de que seria assim, mas o governo não quis ouvir e pôs avante esse sonho megalômano de realizar uma Copa do Mundo aqui.

O Brasil nunca mais será o mesmo aos olhos do mundo, que agora entendeu que, aqui, a mídia e os partidos de direita (Dem, PSOL, PSDB…) são mais criminosos que o Comando Vermelho e o PCC.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Copa é um sucesso


Bepe Damasco, 16/06/2014
Nenhum reboco caiu na cabeça dos torcedores nos estádios, nos quais prevalece o clima de congraçamento e festa. Torcedores de todos os países são bem tratados pela população brasileira. O transporte público tem permitido que milhares de pessoas acessem as arenas sem atropelos. Em alguns estados, novas vias inauguradas facilitam a ida e a volta dos jogos. Nos aeroportos, turistas embarcam e desembarcam com tranquilidade. No campo, temos uma Copa do Mundo de média alta de gols, nível técnico elevado e jogos emocionantes, alguns até épicos como Holanda 5 x 1 Espanha. Cadê as manifestações que inviabilizariam a Copa ?

Decorridos quatro dias de competição, o cenário é diametralmente oposto ao pintado ao longo de sete anos pela mídia cretina e partidarizada brasileira. Massacraram as pessoas o tempo inteiro supervalorizando cada parte dos estádios não concluída, mesmo sabendo que as obras ficariam prontas a tempo. Inventaram essa bobagem de caos aéreo, ignorando que os aeroportos estavam sendo modernizados e que uma força-tarefa reunindo vários orgãos públicos trabalhava dia noite para impedir problemas graves no transporte aéreo.

Mas os profetas do apocalipse só tinham olhos para o que não ficou pronto a tempo (como se algo entregue depois da Copa fosse crime de lesa-pátria) e para sistemas de ar condicionado que eventualmente entravam em pane. E sempre usando o bordão imbecilizado "imagina na Copa."

Fico pensando na cara de tacho dos apresentadores de uma programa que vai ao ar todas as noites na Rádio CBN, um tal de "Quatro em campo". Se fosse possível cronometrar o tempo que esses jornalistas gastaram atacando a realização da Copa, chegaríamos a mais da metade do programa, que dura uma hora. Isso todos os dias.

Exibindo um complexo de vira-latas incurável, se fartaram de dizer que o Brasil fora extremamente irresponsável ao se candidatar a sediar a Copa sem ter as mínimas condições para isso. E viviam a bradar o não cumprimento da matriz de responsabilidades, sempre na linha de criminalizar a atividade política, como se o monopólio da mídia fosse um poço de virtudes.

E o que farão agora os jornalistas do "Quatro em campo" ? Nada, rigorosamente nada. Assim como toda a nossa velha mídia, não serão capazes sequer de ensaiar uma autocrítica, por mais tímida que seja.Vida que segue. Aposto que vão se comportar como se nunca tivessem se pronunciado contra a Copa. Haja cinismo.

Esse é o comportamento padrão da imprensa. Foi assim com apagão que não houve. Com a inflação que não estourou a meta. Com as contas públicas que não inviabilizaram as finanças do país. Com o Bolsa Família que não gerou acomodação e preguiça. Com a valorização do salário mínimo que não arruinou a economia do país. Com o Programa Mais Médicos que não exportou a revolução cubana.

Voltando à Copa, claro que problemas pontuais ocorrem e ocorrerão, o que é absolutamente natural  numa competição dessa envergadura. Nada, porém, capaz de empanar o brilho da festa. Contudo, não custa ficar de olhos de bem abertos para a possibilidade de atos de sabotagem por parte dos inconformados com o sucesso do evento, como alerta o Eduardo Guimarães, no blog da Cidadania. Não podemos esquecer que o ambiente de ódio e intolerância disseminado pela mídia é terreno fértil para a ação de descerebrados.   

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O que Dilma deveria ter dito

Por Hildegard Angel  13/06/2014
O que penso da vaia chula de ontem da Elite Branca Brasileira à presidenta, e o que Dilma deveria ter feito e não fez!
Todas as críticas à Abertura sem graça da Copa do Mundo (responsabilidade Exclusiva da Fifa) se apagam, diante do vexame dado pela Elite Branca Brasileira. Da falta de educação. Da falta de modos. Falta de respeito com a própria família brasileira presente, ao cantar um “hino” chulo, bradando ofensas contra a Chefe do Estado Brasileiro, eleita pelo povo. Vexame planetário!
Se a elite é assim tão baixa, como agirão os iletrados, os desfavorecidos, os que não tiveram acessos à instrução e a uma boa formação no Brasil? Devem ter pensado os mais de um bilhão de estrangeiros que assistiam à transmissão direta da abertura da Copa do Mundo.
Mais da metade dos presentes ao Itaquerão eram convidados dos patrocinadores. Gente das multinacionais, do mundo financeiro. O high society. O creme do creme. The top of the top. Bradando em coro contra a presidenta da República a pior das ofensas que pode ser feita a uma mulher.
Lamentei que a presidenta Dilma, ex-aluna do Colégio Sion em Belo Horizonte, tenha mantido os bons modos. Não tenha reagido. Tivesse ela tomado o microfone e, à primeira vaia, acontecida antes do início do jogo, dissesse com todas as letras e energia o que lhe vinha à alma naquele momento, teria feito do limão uma bela limonada. Alguma coisa do tipo:
“- Quero agradecer a vaia dos aqui presentes: a Elite Brasileira. Porque, infelizmente, o alto custo dos ingressos, imposto pelos realizadores do evento, impede que aqui esteja o povo. O preço alto dos ingressos não autoriza que aqui compareça pelo menos uma parcela mínima dos 30 milhões de brasileiros que ascenderam socialmente, saindo da zona de miséria, ou aqueles outros milhões que, graças ao Pró-Uni, puderam realizar e concluir seus cursos universitários, ou mesmo aqueles tantos milhões, que, enfim, alcançaram o almejado sonho da casa própria. Tudo isso devido ao esforço e às metas de 12 anos de nossos governos, que a Elite Brasileira, que com isso parece não se conformar, ofende aqui, através de minha pessoa, com palavras chulas. Palavras que envergonham a Nação, porém não toldam a beleza deste espetáculo e o esforço desta nossa Seleção, que aprendi, desde menina, a chamar de Seleção Canarinho. Pois voem neste belo gramado, Canarinhos nossos, e deem o exemplo de nossa pujança! Estou torcendo por vocês, pelo nosso país, assim como estão todos aqueles brasileiros que nos assistem: os que estão do lado de fora do Itaquerão, por não poderem pagar, e também os aqui do lado de dentro, pagantes ou convidados dos patrocinadores. Pois, apesar das diferenças políticas, somos todos brasileiros ansiosos pelas vitórias de nosso país. Muito obrigada. ”

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Neymar chutou a uruca da mídia


Por Luis Nassif, no Jornal GGN: 04/06/2014


Na Internet, o jornalão envia repórteres para identificar falhas em todos os estádios. A manchete principal foi mais ou menos assim: “Estádio de Fortaleza tem vigas à mostra”. Foi a única coisa que teve para dizer. A construção do estádio, a arquitetura, a valorização do entorno, tudo foi varrido para baixo do tapete do negativismo.

Na página de cobertura da Copa desse mesmo portal, as últimas notícias são assim: “Governo reconhece que metade dos estádios na Copa terá internet lenta”, “CNN faz alerta para prostituição infantil em Fortaleza”, “Governo paga viagem e gringos sofrem tentativa de assalto no Rio”.

Os “Brasinhas” – tira que se popularizou nas redes sociais – não resistiu ao prato saboroso. O amiguinho de azul encontra outro amiguinho com bandeira dos EUA e comemora: “Ser chique, hoje, é torcer contra o Brasil”. O amiguinho pondera: “Mas... e se ele ganhar”. Ganha um catiripapo na orelha: “Deixa de pensar negativo”.

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Ontem, quando o ex-atleta e comentarista esportivo da ESPN norte-americana, Alexis Lalas, desembarcou no Galeão, foi cercado por repórteres ávidos por más notícias. Para decepção geral, ele se declarou encantado com a estrutura encontrada.

Em sua página no Twitter elogiou a rapidez e a sinalização do aeroporto e declarou que em nenhum aeroporto dos EUA o desembaraço da bagagem foi tão rápido. Ironizou o fato de ter desembarcado no Rio e não ter nenhum “órgão” roubado. E, depois de um passeio em Copacabana, elogiou a “gente bonita, o clima bom e a segurança visível”.

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Há dois anos, a cobertura sistemática da Copa não reservou um espaço sequer para o feito nacional, com seus inúmeros atores, para preparar o país para a maior Copa da história. Divulgaram apenas a exceção, os problemas usuais em preparativos dessa ordem, e transformaram em regra.

Não conseguiram apenas comprometer o maior momento de marketing da história do país, espalhar a má imagem do país por todo o mundo: desprezaram um imenso esforço conjunto juntando governo federal, governos estaduais de todos os partidos, prefeitos de capitais, Polícia Federal, Ministério Público, secretários de transporte, de segurança, técnicos em mobilidade urbana, especialistas em turismo, bancos públicos, empresas de engenharia, fundos de investimento.

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Em São Paulo, os esforços juntaram governo federal, estadual e municipal. Esse mesmo trabalho foi feito em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Fortaleza.

Ao jogar para baixo o moral nacional, com a única intenção de atuar politicamente, os grupos de mídia demonstraram que seus interesses particulares estão acima do próprio interesse nacional e até de seus anunciantes.

Em nenhum momento participaram de nenhuma etapa de construção desse evento. Mas se tornaram os maiores beneficiários, recebendo um volume recorde de verbas de patrocínio.

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Julgaram que estavam cravando a bala de prata na testa de Dilma, atribuindo a ela todos os problemas, independentemente de serem da alçada do governo federal, estadual ou municipal, de clubes esportivos. Mas acertaram a bala no centro da autoestima nacional.

Mas ontem, enquanto Neymar encantava o mundo com seus passes, São Paulo parecia viver um feriado: ruas desertas para que os paulistanos esquecessem as manchetes e celebrassem o país e a Seleção. Como se dissessem, “vocês não vão matar a alegria”.