ALEX SOLNIK, 22/02/2016
Prender João Santana sem culpa formada, sem flagrante, sem que tenha interferido
em investigações, sem que sua liberdade implique em perturbação da ordem cheira
a mais uma transgressão grosseira da constituição de 1988, sob os olhares
complacentes dos ministros do STF, seus guardiões oficiais contra a qual ao
menos nós, os jornalistas, devemo-nos levantar.
complacentes dos ministros do STF, seus guardiões oficiais contra a qual ao
menos nós, os jornalistas, devemo-nos levantar.
Não há motivo para prender Santana. Esse é o ponto. Ele não matou, não roubou,
não bateu em ninguém. Não é ladrão nem malfeitor. É jornalista e publicitário,
dos mais competentes do mundo. Não pode ser demonizado por ter sido muito
bem remunerado por seu trabalho legítimo.
dos mais competentes do mundo. Não pode ser demonizado por ter sido muito
bem remunerado por seu trabalho legítimo.
Se há suspeitas a respeito da forma como recebeu dinheiro, ele não pode ser
preso para confirmá-las. No estado de direito, primeiro as acusações têm que
ser provadas e muito bem provadas para que, depois de julgamento, virem
absolvição ou culpa. E só depois vem a prisão. Do jeito que está, a prisão vem
antes. O carro na frente dos bois.
preso para confirmá-las. No estado de direito, primeiro as acusações têm que
ser provadas e muito bem provadas para que, depois de julgamento, virem
absolvição ou culpa. E só depois vem a prisão. Do jeito que está, a prisão vem
antes. O carro na frente dos bois.
Muita gente temia, desde o início da Lava Jato que ela se transformasse numa
nova República do Galeão, um país com suas próprias leis que tinha o objetivo
explícito de fragilizar para depois derrubar Getúlio Vargas. Pois ela está ficando
cada vez mais parecida.
nova República do Galeão, um país com suas próprias leis que tinha o objetivo
explícito de fragilizar para depois derrubar Getúlio Vargas. Pois ela está ficando
cada vez mais parecida.
Contra esses desmandos devemo-nos levantar antes que seja tarde. Não
podemos encarar essa ordem de prisão contra João Santana como coisa normal.
Não é. Prender jornalistas e publicitários é ato de regimes de exceção. Prender
antes de julgar é ato de regimes de exceção.
podemos encarar essa ordem de prisão contra João Santana como coisa normal.
Não é. Prender jornalistas e publicitários é ato de regimes de exceção. Prender
antes de julgar é ato de regimes de exceção.
Ou estamos numa democracia e atos como a ordem de prisão contra João Santana
devem ser revogados ou os atos como esse são válidos e não estamos numa
democracia.
democracia.
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e
Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do
apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro 2016).
Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do
apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro 2016).
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