Do Correio do Brasil
Por Redação - do Rio de Janeiro e Brasília
Leia, a seguir, a íntegra do artigo.
A única coisa que encontraram para incriminar o PT, depois de várias
CPIs, devassas, sigilos quebrados, foi o elo entre a Visanet, um grupo
privado, no qual o Banco do Brasil é um entre centenas de acionistas, e a
DNA propaganda, agência de Marcos Valério, na época a principal agência
de publicidade em Minas Gerais, onde operava as campanhas de estatais
mineiras e do governo do Estado. Um dos principais clientes de Marcos
Valério, além disso, era (o banqueiro) Daniel Dantas, que controlava as
contas bilionárias de fundos de pensão e telefônicas.
A Visanet celebrou contrato com a DNA para veicular propaganda de seus produtos, que são as maquininhas de cartões de crédito.
Para dar fundamento à denúncia do ‘mensalão’, que vinha sem pé nem
cabeça, e dar satisfação à “opinião publicada”, ou seja, à sanha de vendetta de
segmentos políticos poderosos, Gurgel e Barbosa pescaram Pizzolato lá
de baixo, onde ele figurava pacatamente como um réu de segunda ou
terceira categoria. Elevaram-no a um papel central no sinistro esquema
que descreveram: ele forneceria o elo entre ‘mensalão’ e “uso de
dinheiro público”, ou seja, haveria um pagamento de propina aos
parlamentares com dinheiro do Banco do Brasil. E a presença de dinheiro
público era a chave para destruir a tese de Caixa 2. Só que a teoria
aceita pelo STF não está suportando o debate e está se desmanchando. Não
houve dinheiro do BB e sim da Visanet, empresa privada sobre a qual
Pizzolato não tinha ingerência, além de uma assinatura num documento,
junto com outros quatro outros diretores do BB.
Estão aparecendo as provas, concretas e lógicas, que levam o crime
para o outro lado: para o STF, que se curvou vergonhosamente ao espírito
linchatório da mídia conservadora.
A defesa de Pizzolato, por esta razão, entrou com um embargo
declaratório extremamente duro, inspirado pelo mais profundo sentimento
de indignação contra uma arbitrariedade odiosa. Pizzolato se tornou
objeto descartável no joguinho de sacrifícios humanos que mídia e STF
promoveram para se auto pintarem como justiceiros políticos e obterem
uma aprovação efêmera e demagógica.
Alguns pontos que desmascaram as mentiras do STF:
1. O dinheiro não era do Banco do Brasil, mas da Visanet. Era privado.
2. Os serviços foram prestados. Há registros de
todas as campanhas publicitárias realizadas pela DNA, com o dinheiro
privado da Visanet.
3. Pizzolato não assinou sozinho o documento. Outros
diretores o fizeram. O fato de apenas citarem Pizzolato, por ser o
único petista, revela má fé na investigação.
4. Os Bônus de Volume (BVs) pagos à DNA Propaganda são tradição no mercado publicitário brasileiro.
Voltamos inclusive à maior ironia de todas. O mensalão de Gurgel na verdade era o Bônus de Volume que aGlobo e
outras gigantes da mídia pagaram às agências de Marcos Valério, assim
como pagam a todas as agências. Bônus de Volume, é sempre bom explicar,
já que a mídia sonegou a informação durante o julgamento, quando ela
faria diferença no debate de ideias e no julgamento paralelo que se
fazia na mídia, Bônus de Volume é um prêmio que os veículos de
comunicação pagam às agências de publicidade pelas campanhas de
marketing que estas fazem em seus jornais, canais de rádio, TV,
revistas. Por exemplo, a Chevrolet tem conta na DNA Propaganda. A DNA
escolhe a Globo para veicular a propaganda dos carros da Chevrolet. Então a Globo paga à DNA como forma de “agradecer” ou “fidelizar” a DNA. Como a Globo é
gigante financeira, ela paga os BVs no início do ano para uma campanha
que a agência apenas ao final do ano irá veicular nos meios de
comunicação. Antes de receber seu pagamento, a Globo adianta a
gorjeta para a agência, que é na verdade um intermediário entre a mídia e
as grandes empresas. Essa é a principal estratégia da Globo para
concentrar um percentual tão absurdamente elevado de todos os recursos
publicitários circulantes no país, privados e públicos.
A informação, se fornecida, desmancharia a aura de crime e mistério
que Barbosa criou ao mencionar as cifras movimentadas por Marcos
Valério. E saberíamos que o valerioduto foi alimentado, principalmente, com BVs pagos pela Globo.
A ficção de Gurgel e Barbosa, todavia, deixou inúmeros buracos.
Talvez o aspecto mais difícil na defesa de Pizzolato seja escolher por
qual ângulo atacar as arbitrariedades. Por todos os lados, a denúncia se
esfuma a um leve toque.
Por exemplo, a denúncia tem uma falha estrutural: Pizzolato não
assinou sozinho o documento de autorização para publicidade da Visanet
(como o BB é sócio importante da Visanet, seus diretores de publicidade
tem voz nas campanhas de marketing do grupo privado). Outros diretores –
todos nomeados no governo FHC – também assinaram. Eles pinçaram apenas o
petista. Por quê? Ora, a resposta é simples. Porque ele era petista!
Pior ainda: sindicalista! Todo o preconceito ideológico exacerbado pela
vitória de Lula, inclusive interno-corporativo, já que talvez a maior
parte do alto funcionalismo público brasileiro, por questão de classe,
seja conservador e pró-tucano, se voltou contra Pizzolato.
Pizzolato trabalhava no Banco do Brasil há uns 30 anos, onde
ingressou via concurso ainda jovem, e onde jamais foi acusado de nada.
Não importa: a ordem era “delenda PT” e ele acabou sendo vítima no mesmo
tsunami.
Nenhum comentário:
Postar um comentário