Todos sabemos que no início dos anos 2000 a Globo Participações estava à
beira de um colapso. Havia tentado junto ao governo federal um plano de
recuperação financeira, nos moldes do Proer, criado no governo Fernando
Henrique Cardoso, para salvar bancos daquilo que se convencionou a
chamar de "contágio" ou "risco sistêmico".
Em 2004, um fundo de investimento pedira a falência da Globo nos Estados Unidos. Foi quando a reestruturação da dívida passou a ser necessária. Nesta ocasião, os Marinho se desfizeram da participação acionária de várias repetidoras e afiliadas.
Em 2004, um fundo de investimento pedira a falência da Globo nos Estados Unidos. Foi quando a reestruturação da dívida passou a ser necessária. Nesta ocasião, os Marinho se desfizeram da participação acionária de várias repetidoras e afiliadas.
Um chefe meu à epoca, num esforço para demonstrar o compromisso do
patrões com empregos e salários afirmou que os "pobrezinhos" tiveram até
que se desfazer do helicóptero da família, como se, em vez disso, eles
pudessem abrir mão de seu capital humano. Conta outra...
Foi nesta época que apareceu na vida da Globo o Banco Rural. A
instituição financeira fez à Globo Comunicações e Participações
rigorosamente o mesmo tipo de empréstimo feito ao Partido dos
Trabalhadores. Só que este último, graças à Procuradoria-geral da
República, virou a Ação Penal 470, apelidada à priori pela Folha de S.
Paulo de mensalão, depois de uma entrevista "denúncia" de Roberto
Jefferson.
Curiosamente, apenas as operações entre o Banco Rural e o PT foram
considerados "atos fraudulentos de gestão". Sobre a Globo e o Rural e
sobre Daniel Dantas e Marcos Valério - os homens por trás da agência de
publicidade DNA - nenhuma linha sequer.
Como a Globo não foi citada na ação penal 470, o que se esperava do
procurador-geral, à época, Antônio Fernando, era que houvesse
desmembramento da ação, com pedido de investigação das operações entre a
Globo e o Banco Rural e outras, o que nunca aconteceu.
Espera-se agora, com a abertura de procedimento investigatório pelo
Ministério Público Federal, em Brasília, que se jogue luz também sobre
as circunstâncias da recuperação financeira do grupo e sobre os detalhes
envolvendo as contas da empresa no Banco Rural e suas ramificações,
transferências e empréstimos.
Será que chegaremos a este ponto? Caso não possamos confiar apenas nas
instituições, sugiro aos internautas nos debruçarmos sobre os dados
disponíveis, tanto do plano de recuperação financeiro, quanto do Acordão
da ação penal 470, das operações e dos "empréstimos" feitos por
intermédio do Banco Rural.
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