Esvaziamento de Serra
247 – Para quem assistiu o Jornal Nacional da última
terça-feira, em que 18 minutos foram dedicados ao mensalão, com
destaque para as passagens em que Marco Aurélio Mello citou a quadrilha
formada pelo “sintomático 13” e Celso de Mello comparou o partido ao PCC
e ao Comando Vermelho, era de se esperar que, ontem, a toada seguisse
no mesmo ritmo.
Nada disso, o que se viu foram ministros brandos, ponderados,
alertando sobre a cautela na fixação de penas (com fez Marco Aurélio) e,
na maioria das vezes, seguindo as posições mais equilibradas do revisor
Ricardo Lewandowski (com fez Celso de Mello). No noticiário do Jornal
Nacional, a reportagem dedicada ao mensalão não citou mais o PT.
E o “clímax” que poderia ter ocorrido ontem, previsto pela coluna
Radar de Veja, que seria a definição das penas de José Dirceu e José
Genoino, ficará para depois de 5 de novembro (após as eleições,
portanto), quando Joaquim Barbosa retornará de um tratamento na coluna
na Alemanha.
O freio de arrumação, aparentemente, decorre da impossibilidade de
que o julgamento tenha qualquer peso maior na eleição municipal de São
Paulo. Segundo dois institutos, Datafolha e Ibope, Fernando Haddad, do
PT, já está praticamente eleito. Sua vantagem nos votos válidos é de
vinte pontos no Datafolha (60% a 40%) e de 14 no Ibope (57% a 43%).
Isso significa que, por maior que fosse o assopro de grandes
telejornais, como o JN, ou dos ministros do Supremo Tribunal Federal com
suas frases de efeito, nada seria capaz de impedir a vitória do PT no
próximo domingo.
Talvez por isso, tenha sido feita a reflexão entre os ministros da
corte, que não gostariam de ser ver acusados de participar de uma
manobra eleitoral frustrada.
Ao mesmo tempo, jornalistas políticos deixaram de comentar suas
próprias pesquisas. Na Globo, Merval Pereira nada falou sobre o Ibope,
ligado à emissora comandada por Ali Kamel, assim como Eliane Cantanhêde
não comentou o Datafolha, como sempre fez em suas colunas. Apenas
Reinaldo Azevedo publicou um pequeno post onde disse torcer para que as
pesquisas estejam erradas.
Não estão. No domingo, Fernando Haddad será eleito prefeito de São
Paulo. Os ministros do Supremo Tribunal Federal já sabem disso, assim
como os donos e colunistas dos principais meios de comunicação do País.
O balão de José Serra ficou vazio, esvaziando também o mensalão.
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